Sobre o Vida Após Stent

A história por trás deste site e por que ele existe

Por que este site existe?

Existe porque eu precisava dele em março de 2019 - e ele não existia.

Existe porque milhares de pessoas precisam dele hoje - e não encontram respostas claras.

Existe porque colocar um stent é assustador - e ninguém deveria se sentir sozinho nesse momento.

Minha história

Março de 2019. Eu estava vivendo minha vida normalmente - praticando triathlon, trabalhando, curtindo minha família. Até que um domingo mudou tudo.

Domingo: O primeiro sinal

Eu estava em uma prova de bike quando senti uma queimação no peito.

Mas não era a primeira vez que isso acontecia. Anos antes, havia sentido a mesma dor - sempre só durante atividades físicas. Procurei cardiologista na época, fiz exames, e ele me liberou. Disse que não era nada do coração.

Depois, outro médico sugeriu que poderia ser refluxo. Fiz endoscopia, o diagnóstico foi confirmado. Tratei e melhorei.

Por isso, naquele domingo, quando senti a queimação voltando, achei que era o refluxo de novo. Diminuí o ritmo, rodei de forma leve os 35 km em vez dos 60 que estava inscrito, e decidi marcar gastroenterologista quando chegasse em casa.

Terça-feira: O segundo aviso

Fui treinar natação. Nas primeiras braçadas, a queimação voltou. Abandonei o treino imediatamente.

Algo não estava certo, mas ainda assim achei que era refluxo.

Quarta-feira: O terceiro aviso

À noite, tentei pedalar na bike indoor dentro de casa. Mal comecei e a queimação apareceu de novo. Parei na hora.

Comecei a ficar preocupado.

Quinta-feira: O dia que tudo mudou

Acordei de manhã com o peito queimando. Sem fazer qualquer esforço físico.

Medi a pressão: 18 por 10.

Não pensei duas vezes. Fui direto para o hospital.

Chegando lá, ainda convencido de que era refluxo, expliquei meu histórico ao médico. Fui atendido por um cardiologista excelente que, mesmo ouvindo sobre o refluxo, decidiu investigar.

Pediu exames de sangue. As enzimas cardíacas vieram normais - o que me tranquilizou momentaneamente. "Não é infarto", pensei.

Mas o eletrocardiograma mostrou uma pequena alteração. Desconfiado, o médico pediu uma ressonância magnética do coração.

A ressonância revelou grave obstrução nas artérias coronárias.

A noite mais longa

Sem tempo para processar, sem nem me despedir direito de ninguém, fui levado rapidamente para a UTI.

O cateterismo estava marcado para o dia seguinte. Antes disso, precisava esperar o efeito do contraste da ressonância passar.

Passei a noite na UTI, sozinho com meus pensamentos. Foi a noite mais longa da minha vida.

Pensei em tudo. Na minha família. No meu filho. No futuro. No medo.

Na manhã seguinte, antes do procedimento, uma psicóloga veio conversar comigo. Quando comecei a falar do meu filho, não consegui segurar. Desabei.

3 stents

No cateterismo, descobriram bloqueios críticos em três artérias. Colocaram 3 stents.

Eu estava sedado, completamente dormindo durante o procedimento. Não vi nada. Não senti nada.

Quando acordei, o médico veio com um sorriso no rosto: "Deu tudo certo. Você teve sorte. Os stents ficaram muito bons. Você vai ficar bem."

Sorte? Eu não me senti sortudo.

Me senti frágil. Quebrado. Com medo. Achei que minha vida tinha acabado ali.

Os meses que se seguiram

Os primeiros meses após colocar os stents foram, sem dúvida, os mais difíceis da minha vida.

Medo constante

O medo tomou conta de tudo.

Medo de dormir e não acordar. Medo de fazer qualquer esforço. Medo de me emocionar e o coração "não aguentar". Medo de sair de perto de um hospital. Medo de ter outro infarto.

Medo de viver.

Dias difíceis

Houve dias em que não quis sair de casa. Dias em que olhava no espelho e não me reconhecia. Cheguei a ficar deprimido.

Não estava no fundo do poço, mas definitivamente não estava bem. Era como viver em uma névoa cinza que não passava.

Dúvidas e culpas

Uma das piores partes foi o bombardeio de perguntas sem resposta na minha cabeça:

"Por que comigo?"

"Eu poderia ter evitado?"

"Foi minha culpa?"

"Fiz algo errado?"

Você fica preso nesse ciclo de tentar entender o porquê, de buscar culpados (geralmente você mesmo), de refazer mentalmente cada decisão que tomou.

Esses pensamentos aparecem constantemente. E demoram muito para passar.

Trauma

Qualquer pequena dor no peito me fazia entrar em pânico. Coração acelerar um pouco? Pânico. Acordava de madrugada com o coração disparado, certo de que estava tendo outro infarto.

Vivia hipervigilante, monitorando cada batimento, cada sensação, cada pequeno sinal do meu corpo.

Eu tinha trauma. E ninguém me preparou para isso.

O ponto de virada

A recuperação não aconteceu de uma hora para outra. Foi gradual, com altos e baixos.

Eu sou - e já era na época - praticante de triathlon. Natação, ciclismo e corrida sempre fizeram parte da minha vida. Mas depois dos stents, tudo isso parecia impossível.

Mesmo assim, aos poucos, fui reunindo coragem para voltar às atividades.

Começou devagar. Muito devagar. Caminhadas curtas. Depois um pouco mais longas. Eventualmente voltei a treinar - sempre com medo, sempre atento.

Mas confiar no meu corpo novamente? Isso demorou muito.

IronMan 70.3: O grande teste

Oito meses depois de colocar os stents, eu terminei um IronMan 70.3.

1,9 km de natação, 90 km de ciclismo, 21 km de corrida.

Fiz toda a prova com um olho no frequencímetro. Monitorando. Controlando. Não foi sobre velocidade ou tempo. Foi sobre provar para mim mesmo que eu era capaz.

Foi um dos maiores testes psicológicos da minha vida. E me ajudou imensamente a fortalecer mentalmente.

Mas mesmo depois disso, os medos não desapareceram completamente.

Durante muito tempo - meses, até mais de um ano - eu ainda media a pressão arterial todo dia antes de treinar. Às vezes até durante os treinos.

O processo de confiar no corpo novamente foi longo. Mais longo do que eu imaginava.

Hoje: Mais de 6 anos depois

Hoje, em 2025, vivem mais de 6 anos desde março de 2019.

E eu vivo plenamente.

Trabalho normalmente. Viajo sem medo. Corro, pedalo, nado, faço musculação. Tenho vida social ativa. Curto cada momento com minha família. Faço planos para o futuro.

Vivo sem que o medo me paralise.

O medo ainda existe? Sim, um pouco. Sempre vai existir. Mas aprendi a não deixar ele me controlar.

Mais forte do que antes

E sabe de uma coisa? Hoje sou mais forte do que era antes.

Não apenas fisicamente (porque treino, me cuido, sou disciplinado). Mas principalmente mentalmente e emocionalmente.

Aprendi a valorizar de verdade cada momento. Aprendi o que realmente importa. Tenho mais clareza sobre os propósitos da minha vida.

Não adio mais as coisas importantes. Não deixo para depois. Vivo mais presente.

O infarto e os stents não me definiram - me transformaram. E, por incrível que pareça, para melhor.

Por que criei este site

Porque eu sei exatamente o que você está sentindo se acabou de colocar um stent.

Sei do medo. Da confusão. Da sensação de que sua vida mudou para sempre. Do sentimento de estar perdido.

E eu quero te dizer: Você vai ficar bem.

Não vai ser amanhã. Talvez não seja mês que vem. Vai levar tempo.

Mas um dia você vai olhar para trás e perceber: "Nossa, quanto tempo faz que eu não penso no stent?"

E nesse dia, você vai sorrir.

Minha missão

Fazer com que nenhuma pessoa que coloque stent se sinta tão perdida quanto eu me senti em 2019.

É simples assim.

Se este site ajudar uma única pessoa a ter menos medo, a responder uma dúvida que estava tirando o sono, a perceber que não está sozinha...

Todo o esforço já terá valido a pena.

Uma última coisa

Se este site te ajudou de alguma forma - se uma informação tirou uma dúvida, se um texto te fez sentir menos sozinho, se algo aqui te deu esperança...

Compartilhe com alguém que precisa.

Tem muita gente passando exatamente pelo que você está passando agora. E quanto mais pessoas souberem que vida após stent é possível e plena, melhor.

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Sua vida não acabou.

Ela recomeçou.

Bem-vindo ao recomeço. 💪